Silicone: mitos e verdades - Dr. Antonio Graziosi

Silicone: mitos e verdades

Silicone: mitos e verdades

Tire todas as dúvidas sobre a prótese de silicone antes de decidir “turbinar” ou não os seios

Por Milene Spinelli

A sua melhor amiga, a chefe, a colega de trabalho e até aquela rival que vive dando em cima do seu namorado, provavelmente já fizeram. Também pudera. Em 2004, foram realizadas 616.287 cirurgias plásticas no Brasil. Destas, a segunda com maior incidência foi a de implante mamário, com 91.973 operações.

Turbinar os seios já virou febre entre as mulheres brasileiras, mas as dúvidas sobre a cirurgia são cada vez maiores. E os mitos também. Para descobrir o que é verdade ou não em relação ao que andam dizendo por aí, o Guia da Semana conversou com dois cirurgiões plásticos renomados e desvendou todos os mistérios que assombram a mente de quem pretende desfilar com decotes generosos e bem recheados. Confira!

A escolha da prótese

Há inúmeros tipos, com variações de volume (gel de silicone ou solução salina), cobertura (lisa, rugosa, texturizada ou de poliuretano) e formato da base (redondo, anatômico ou natural). “Nem sempre adianta chegar ao consultório querendo usar o mesmo tipo de prótese que a amiga colocou. A escolha sempre será discutida com o médico e feita de acordo com os resultados esperados e as características anatômicas de cada mulher”, explica o Dr. Antonio Graziosi, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Regional de São Paulo (SBCP-SP).

As mais usadas atualmente são as texturizadas ou as recobertas com poliuretano, também recomendadas para quem já teve contratura capsular. “As próteses mais modernas, como as texturizadas por fora e com gel coesivo por dentro – que não vazam se estourarem, portanto, não há como o líquido se misturar ao corpo – proporcionam baixos índices de complicações como infecções, rejeição da prótese e endurecimento das mamas”, relata o cirurgião plástico Gustavo Tilmann.

Na hora de escolher a prótese, o médico tem 56 parâmetros para a avaliação. “Uma mulher de 20 anos não usará a mesma prótese que uma de 60, por exemplo. Os principais fatores a se levar em conta são simetria das mamas, localização da aréola, altura e biotipo, circunferência do tórax, flacidez, idade, expectativa da paciente e se ela já amamentou”, completa o Dr. Tilmann.

Saiba mais sobre as próteses:

Formatos: meia-lua, redonda, anatômica ou natural, em forma de gota.

Tamanhos: geralmente, de 125ml a 500ml, fabricadas com variações de 25ml ou de 40ml entre uma e outra.

Garantia: em torno de 8 a 10 anos. Todas as próteses têm garantia contra rejeição e vêm com certificado.

Quando trocar: geralmente a cada 10 anos, mas não há um prazo específico para a troca da prótese. Dependendo da saúde e da manutenção da paciente, a durabilidade pode chegar a 20 anos ou até para sempre.

Cuidados: a mulher deve ir regularmente ao ginecologista e fazer exames periódicos de mamografia.

Por onde colocar

Cada método tem vantagens e desvantagens e a escolha deve ser feita junto com o médico. A altura da prótese depende do perfil de tórax da mulher (alto, baixo e moderado), em função da projeção que se pretende ter da mama. Já o local de incisão pode ser sob o seio, ao redor da aréola ou na axila; e a colocação, sob a musculatura peitoral ou sob a glândula mamária. “Há mais de 50 padrões clínicos que precisam ser analisados ao decidir qual técnica usar, entre eles, o diâmetro da aréola. Em todos os casos, a cicatriz fica com cerca de 4cm e pode sair para sempre, dependendo do tipo de pele e da facilidade de cicatrização da paciente”, afirma Dr. Graziosi.

Prós e contras de cada método

Aréola: indicada para quem tem aréolas grandes e pele clara e contra-indicada para mulheres com aréolas pequenas. A cicatriz fica no formato de um semicírculo na linha inferior da aréola.

Subglandular: técnica mais usada, a incisão é feita embaixo da glândula mamária. O resultado costuma ser um dos melhores esteticamente e o pós-operatório é menos dolorido. Contra-indicada para quem não têm a pele firme nessa região.

Submuscular: a incisão é feita embaixo do músculo do tórax. O pós-operatório é mais dolorido, mas a técnica proporciona maior proteção ao implante. Indicada para mulheres com poucas mamas e pele fina. Também pode ser feita na frente (onde é possível implantar qualquer tamanho de prótese) ou atrás do músculo.

Axilas: Indicada para mulheres com aréolas lisas ou pequenas e também para mamas levemente caídas, quando há uma dobrinha embaixo do seio. Contra-indicada para quem pratica esportes vigorosos como musculação ou natação – nestes casos, a prótese pode se mover. Vantagens: a cicatriz fica na axila e é a menos visível. Desvantagens: pode acontecer da prótese “subir” e a aréola ficar “apontada” para baixo.

A cirurgia

Pré-operatório: faça todos os exames solicitados pelo médico, como eletrocardiograma, exame de sangue e, em alguns casos, mamografia e ultrassonografia de mama.

Anestesia: local com sedação ou peridural, aplicada nas costas.

Duração da cirurgia: cerca de 1 hora.

Tempo de hospitalização: por volta de 8 horas.

Pós-operatório: o médico receitará antibióticos, antiinflamatórios e analgésicos, podendo haver dor nos três primeiros dias. Deve-se usar sutiã pós-operatório por três meses e os pontos são retirados de sete a dez dias após a cirurgia. Pode-se retornar ao trabalho em cerca de três dias e deve-se evitar a prática de esportes e relações sexuais por pelo menos 15 dias e só voltar à academia e dirigir, após um mês. Já as ratas de praia terão que esperar três meses para voltar a tomar sol.

Possíveis riscos e complicações

Além dos riscos gerais de qualquer cirurgia, há casos, embora raros, de se adquirir hematomas, infecções e quelóides (cicatrizes exageradas e grossas, causadas conforme predisposição individual do organismo da mulher e não por falta de cuidados no pós-operatório, e pode ser tratada com o uso de pomadas e medicações). Também é possível que a mulher tenha contratura ou retração capsular e rejeição da prótese. Nesses casos, a forma da mama muda, além de endurecer e causar dor. “Não há como prever se uma mulher terá esse tipo de complicação e, quando ocorrem, é preciso trocar a prótese. Ainda não se sabem as causas, mas é um percentual muito baixo de pacientes que as desenvolvem, podendo ocorrer apenas em uma das mamas”, relata o Dr. Graziosi.

Curiosidades sobre implantes de mama

A primeira cirurgia foi realizada em 1895, por Czerny, que usou um lipoma (tumor benigno formado pelo acúmulo de gordura sob a pele) que se formou em outra região do corpo da paciente para reabilitar sua mama operada de fibroadenoma (outro tipo de tumor benigno).

Nas décadas de 50 e 60, o silicone líquido passou a ser amplamente usado nos implantes de seio. Todos os materiais empregados anteriormente causavam muitas complicações e não resultavam em uma forma de mama adequada.

Nos implantes “pré-prótese de silicone” eram usados substâncias como injeções de parafina, enxerto de gordura, bolas de vidro, próteses de marfim, óleo e até gordura de cadáver.

As próteses de silicone salinas, preenchidas com soro fisiológico, foram proibidas nos Estados Unidos durante 14 anos, por suspeita de aumentar o risco de câncer de mama. A substância passou a ser liberada por falta de dados científicos que provassem a veracidade da hipótese.

FAQ – Respostas às dúvidas mais frequentes

Idade: a partir de 18 anos, não havendo limite de idade para a colocação da prótese.

Exames de mamografia: a prótese pode atrapalhar a análise do exame, mas hoje é possível que os médicos façam uma análise minuciosa dos mesmos e da paciente, evitando esse problema.

Câncer de mama: o risco de se contrair a doença não aumenta com o implante de silicone.

Amamentação: a prótese não atrapalha na amamentação e a mulher pode engravidar três meses após a cirurgia. Já as mamães que querem voltar à antiga forma, o implante de silicone pode ser colocado três meses após o término da produção de leite. A intensidade da dor no pós-operatório independe da mulher já ter amamentado ou não. Pode estourar? É muito raro, mas pode acontecer em situações que envolvam traumas muito fortes como acidentes automobilísticos graves.

Efeito da gravidade: mesmo com a prótese de silicone, as mamas podem cair com o passar do tempo, de acordo com a elasticidade da pele e da glândula mamária da mulher, já que o silicone não tem a mesma característica da glândula.

Sensibilidade: em alguns casos, a mulher pode perder a sensibilidade, principalmente em mamas com maior volume. A perda pode ser parcial ou localizada, definitiva ou temporária.

Fonte: Dr. Antonio Graziosi, presidente da SBCP-SP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional de São Paulo).

 

Matéria de: http://www.guiadasemana.com.br/compras/noticia/silicone-mitos-verdades-e-curiosidades

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